quinta-feira, 26 de agosto de 2010

A Pedagogia Emancipadora no Pensamento de Jacotot e a EAD


O presente texto objetiva-se em expor os fundamentos de uma metodologia de ensino, cuja prática docente, estabelece o aluno como um sujeito autônomo diante do conhecimento. E tem como referência o professor Joseph Jacotot, que apresenta a partir de sua práxis, uma postura pedagógica que entende a prática do mestre tradicional como sendo emburrecedora.

Uma educação emancipadora segundo Jacotot, estabelece um método que deixa o aluno em lugar de igualdade diante do mestre, pois, desse modo, o aluno pode aprender sem mestre, tão somente, pela tensão de seu próprio desejo.

No Pensamento de Jacotot entende-se que o aprender esta ligado diretamente ao desejo, e este, do aluno, como um ato de inteligência. Neste caso, o aluno não sendo visto como ignorante, cabe o professor ocupar este lugar, o de um mestre ignorante.

Para este, emancipação se torna evidente, quando o aluno torna-se consciente não da ignorância, mas, de sua capacidade intelectual e utilização da mesma. Nesta perspectiva segue-se a EAD, onde entende que uma educação hierarquizada, enaltece a ignorância e o emburrecimento discente, neutralizando a interação e a ampliação do horizonte do saber. Neste sentido, percebe-se uma inclusão daqueles que historicamente foram considerados incapazes do saber. Pois uma vez o mestre abrindo mão de sua função de explicador, estabelece uma aproximação intima do aluno com o material didático.

No pensamento Jacototiano, entende-se que o aluno emancipado pensa, e o mestre ignorante, não afirma, pergunta sobre o que o aluno pensa.

Portanto uma educação emancipadora, apresenta um professor orientador, animador do pensar, e mostra um aluno transformador e construtor do próprio conhecimento, como é a idéia proposta pela EAD.

Alexon Silva Tavares
Carla Thomé
Cláudia Mendes da Costa
Luciana Mazioli
Mary Jane Alves Tavares
Neila Santos Brandão

(Alunos do Curso de Especialização em Filosofia e Psicanálise - UFES / Pólo de Cachoerio de Itapemirim - ES)



A Construção do saber em Lacan e a EAD


Percebemos que a partir da interpretação feita pelo filósofo, Jacques Lacan ao método socrático, ainda é possível notar a presença do mestre.

Em suma, Sócrates confia na solução dos problemas do homem através do conhecimento racional; Lacan por outro lado tem outro pressuposto, de origem inconsciente o sujeito.

Lacan defende que é o despertar no sujeito que explica a passagem da ignorância ao conhecimento.

Lacan, em seu retorno a Freud, restaura a barra divisória entre o saber e a verdade. Ele atribui à verdade ao estatuto de um acontecimento atrelado ao campo da linguagem e enuncia que comércio de longo curso já não passa pelo pensamento, pois a verdade é contrária à astúcia da razão.

Vale lembrar que, Lacan se sustenta na tese segundo a qual, em nenhuma hipótese, o sujeito equivale a uma substância ou à sua consciência.

Pretende-se que o aluno entenda a proposta lacaniana sobre a mestria do inconsciente, fundamentada no dispositivo de base do funcionamento da escola lacaniana: o cartel.

Esse pequeno grupo de pesquisa (cartel) é fundamentado no desejo de cada um dos participantes.

O cartel tem como objetivo principal manter viva, a causa analítica através da execução de um trabalho que deve ter seu produto, um produto próprio de cada um.

O cartel consiste num pequeno grupo de pessoas que se reúnem em torno de um tema e apresenta características próprias, entre elas a maneira de organização circular de trabalho.

Nesse caso, não cabe, de modo algum, a idéia de um professor que possa transmitir o saber.
O tutor faz parte do grupo do trabalho. É mais um, entre os aprendizes.

Conclui-se que a produção em EAD não tem dono, não é de ninguém, pertence a todo o conjunto. Na verdade, não é uma produção que implique fazer a ciência. A própria aula é a produção.

Alexon Silva Tavares
Carla Thomé
Cláudia Mendes da Costa
Luciana Mazioli
Mary Jane Alves Tavares
Neila Santos Brandão

( Alunos do Curso de Especialização em Filosofia e Psicanálise - UFES / Pólo de Cachoeiro de Itapemirim - ES)
O Tipo de Mestria Apresentado por Sócrates e a EAD


A preocupação com o ensino-aprendizagem existe desde a Antiguidade Clássica, com os filósofos gregos e, neste texto, vamos discorrer sobre a transmissão do saber iniciada por Sócrates, neste modelo metodológico de ensino e de aprendizagem todos os aprendizes detêm o saber, mas estão distanciados deste. O Método Socrático consiste em reaproximá-los desse saber. Temos acesso ao saber por meio de reminiscências, que retomam um saber inato. A forma como isso acontece é própria de cada indivíduo.

Sócrates era autodidata, o valor supremo para ele era o conhecimento, ele se preocupava com o homem virtuoso e a necessidade do conhecimento. Para ele a educação é o meio pelo qual o homem se torna Filósofo e chega até a verdade, condição para que este homem alcance a felicidade.

Sócrates, como sempre dizia, julgava-se como não possuidor da Verdade, “Só sei que nada sei”. Ele criticava pesadamente os sofistas, filósofos tradicionais, pois acreditava que a verdade não podia ser vendida, já que era inerente a todo o homem; ele combate essa visão limitada e as atividades dos Sofistas. Passava a maior parte do tempo ensinando em lugares públicos e não cobrava por suas lições. Para Sócrates, a Educação é objetivo e finalidade da Polis. É através da Educação que o homem obtém os meios para encontrar a verdade por si só; sendo a todo homem dado chegar a Ela, já que a mesma está dentro do homem.

Sócrates dizia que a filosofia não era possível enquanto o indivíduo não se voltasse para si próprio e reconhecesse suas limitações. “Conhece-te a ti mesmo” era seu lema. Para ele, a melhor maneira de abordar um tema era o diálogo, por meio do método indutivo que denominou “Maiêutica”, numa alusão ao ofício de sua mãe, era possível trazer a verdade à luz. Assim ele se voltava para os outros, adolescentes, militares, sofistas consagrados, etc., e os interrogava a respeito de assuntos que eles julgavam saber. Seu senso de humor confundia os interlocutores que acabavam confessando sua ignorância, da qual Sócrates extraia sabedoria. Esse método, denominado “Maiêutica”, era dividido em três momentos. Partia de uma negativa, com Sócrates dizendo nada saber; num segundo momento, utilizando-se da ironia, questionava o conhecimento do seu interlocutor para que, enfim, este pudesse produzir um novo saber. Um exemplo clássico da aplicação da maiêutica é o diálogo com Mênon e o escravo, no qual Sócrates leva um escravo ignorante a descobrir e formular vários teoremas de geometria. A indução, finalmente, consiste na apreensão da essência, na determinação conceitual e na definição.

No nosso entender, a metodologia EAD se aproxima da postura de Sócrates, o aluno em EAD tem que estar sempre se dispondo a aprender. Se compararmos a postura de Sócrates ao processo de aprendizagem na EAD, podemos deduzir que o trabalho do professor seja apenas fazer com que o aprendiz retome a verdade da qual se afastou por esquecimento. Nessa proposta de ensino da EAD o aluno não tem a presença constante do professor e sua metodologia supera a escola tradicional.

Alexon Silva Tavares
Carla Thomé
Cláudia Mendes da Costa
Luciana Mazioli
Mary Jane Alves Tavares
Neila Santos Brandão

(Alunos do Curso de Especialização em Filosofia e Psicanálise - UFES / Pólo - Cachoeiro de Itapemirim - ES)

Metodologia do Ensino Sofistico e a EAD

Metodologia do Ensino Sofistico e a EAD



A preocupação do Homem com o ensinar e o aprender existe desde a Antigüidade Clássica, com os filósofos gregos. Assim, escolhemos como ponto de reflexão filosófica, em particular a que se refere à transmissão de saber iniciada pelos sofistas.

Aquele que possuía o saber, o sábio, na Antigüidade era denominado Sofista. Os sofistas se posicionam como detentores do saber. Contudo se comprometem não com a verdade, mas sim com a opinião. Em seus discursos, os sofistas apóiam-se sobre julgamentos de valor comuns, com o objetivo de criar sobre eles um consenso e gerar adesão.

Os Sofistas foram os nossos primeiros professores. Fazendo uma analogia com o modelo contemporâneo, a transmissão do saber sofístico corresponderia ao modelo da conferência e da assembléia. Os Sofistas eram os conferencistas. Procuravam provocar reações prazerosas nos espectadores, utilizando técnicas de sedução a fim de transmitir conhecimentos. O discurso sofístico se apóia na presença do orador para induzir o espectador, por meio de sugestão, à reprodução do pensamento.

O discurso pronunciado pelos sofistas era uma espécie de espetáculo, cujo objetivo era a glória do orador, juntamente com o prazer causado nos espectadores. Para tanto, eles usavam a técnica da retórica como arte de falar em público. Um exemplo disso é o “Elogio à Helena”, de Górgias, transcrito por Barbara Cassin.

São, então, os fundamentos da sua ação: a opinião; o jogo de linguagem; a presença do orador; o prazer receptivo do espectador.

O prazer causado no espectador, um dos elementos básicos do discurso sofístico, tem, como fundamento, a emoção. Quanto mais emoção, mais sujeição à sugestão. A sugestão é induzida pela figura do orador; um orador carismático pode sugestionar multidões. Assim, partindo dessa premissa, o sofista trabalha com a presença do orador e com o prazer que seu discurso pode despertar em seus espectadores - apoiando-se na opinião e nos jogos de linguagem.

Ao amparar sua ação a partir de jogos de linguagem, o sofista utiliza o logos, a palavra, com o objetivo claro de sugestionar o espectador a admitir o que ele, sofista, quer. Dessa forma, o espectador é induzido a reproduzir o logos sofístico e nada mais. O público é, desse modo, seduzido pelas belas palavras de um eloqüente orador que pode sugerir o que bem quiser a esse público receptor. Por conseguinte, sugestão e sedução apresentam-se profundamente ligadas – aquele que seduz pode sugerir.

Os sofistas partiam do pressuposto de que já possuíam o conhecimento a ser transmitido. Os sofistas, a partir da experiência diária, produzem seus conhecimentos e suas afirmações. Sofistas destacados, como Protágoras e Górgias, estão preocupados em transmitir os seus conhecimentos, em esclarecer as mentes, enfim, em alargar as possibilidades da vida em sociedade. Para isso, questionam tudo. A preocupação em propagar o saber foi um dos aspectos positivos da cultura sofística, a partir da qual a educação e a democracia foram valorizadas.

Para essa postura de mestre Sofista o principio é o da explicação. Na contemporaneidade essa postura do mestre que vai ensinar o que o aluno deve aprender, gera no aluno, uma atitude passiva diante do processo de aprendizagem, essa postura do mestre causa um papel inibidor nesse processo. Os que foram frutos da educação tradicional (mestre), de uma educação moldada do quem ensina e do quem aprende, romper com esse processo é complicado por causa da própria formação. A postura dos mestres Sofistas distancia da postura do mestre na contemporaneidade (EAD).

Na contemporaneidade o mestre encaminha o aluno para utilizar sua própria inteligência e a emancipação se dá quando cada um toma ciência de sua capacidade intelectual e decide usá-la.

Na EAD a busca é uma busca coletiva. O conhecimento se dá na busca. Essa postura é uma postura de superação de modelos pedagógicos em que o aluno é receptor de conhecimento.

Alexon Silva Tavares
Carla Thomé
Cláudia Mendes da Costa
Luciana Mazioli
Mary Jane Alves Tavares
Neila Santos Brandão
(Alunos do Curso de Especialização em Filosofia e Psicanálise - UFES / Pólo - Cachoeiro de Itapemirim -ES)

sábado, 10 de julho de 2010

Filosofia e Psicanálise Lacaniana


Tarefa da semana - 16 - 22 de Junho 2010

Com relação à questão do saber, podemos nos indagar o que quer dizer e o que está implicado nisso, quando se diz que se sabe algo. O que quer dizer saber algo? Sei que um determinado objeto, por exemplo, é uma cadeira, porque disponho, previamente, de um sinal, de um signo, de um significante que me permite nomear e re-identificar o objeto e, assim, trazê-lo para meu mundo. O nome permite, assim, re-identificar objetos. Mas o nome, em relação ao nome próprio e único do sujeito não permite a esse mesmo sujeito a re-identificação do objeto referente ao nome, posto que não há objeto exterior que possa ser objeto de operação de re-identificação.
O espaço do saber se constitui numa operação na qual o objeto re-aparece, via palavra, via signo, via significante, não é possível a produção de um saber sobre o modo próprio de existência de um sujeito portador de um nome próprio. Dessa forma, para o humano-ser, a linguagem re-constrói o diverso, o universo do conjunto das metonímias empírico-oftálmicas, numa fictícia unidade transcrita para uma ordem conceitual. Enquanto o olho humano olha para fora, para o mundo objetivo e empírico, a linguagem incorpora o fora para dentro de si mesmo do sujeito, re-construindo o sentido daquilo que é visto, produzindo e doando, assim, um sentido ao mundo. Assim, o sentido é construído em função da possibilidade de possessão da linguagem.
O homem possui a linguagem como possibilidade de produção dessa mediação em relação ao real, ao mesmo tempo em que, pela impossibilidade de produzir um saber sobre a amplitude dessa eficácia, que ele apenas detecta e compreende como funcional, parece-nos ser possível pensar que é a linguagem que efetivamente possui o homem “algo conduz o homem sem que ele saiba”.A partir dessa aporética posição, como compreender e, enfim, construir, um estatuto para a relação da linguagem com a filosofia e sua atividade discursiva de “escanear” e “digitalizar” o Real, para produzir dele uma edição definitiva?
Compreendendo que é o objetivo milenar e insone da filosofia produzir um saber definitivo, um saber de totalidade, um saber sobre a realidade, um saber sobre o ser. A existência da linguagem enquanto topos já metafórico, e a existência do humano a partir de estar ancorado na plataforma da linguagem, representariam e significariam que o humano constitui-se numa metáfora do significante. Essa compreensão retifica e amplia aquela perspectiva ingênua de que a linguagem surge da expressão de uma necessidade que se encontraria no interior do indivíduo, da qual a linguagem, enquanto momento exterior, seria a mostra dessa suposta necessidade interior. Se assim o fosse, estaríamos nos movendo num nível onde haveria uma correspondência biunívoca entre o signo utilizado pelo falante, a linguagem, e de outro lado, o referente, no caso, aquela suposta necessidade interna. Como exemplo disso, poderíamos supor que para alguém, acometido pela fome, signo e sinal fisiológico de um déficit protéico, por exemplo, a linguagem deveria expressar exatamente as gramas daquela necessidade protéica e fisiológica.
A psicanálise de Lacan descobre o caráter ontológico da existência da linguagem em relação ao anthropos, atribuindo à linguagem um topos metafórico, porém, condição de possibilidade do anthropos em sua própria condição e caracterização como humano. Para a teoria lacaniana é a linguagem que humaniza, e não o homem que é humano. O modo de existência e de insistência do humano constitui-se, a partir daí, numa insistência metafórica junto ao significante que, como metáfora, não diz a coisa mesma que o objeto a que se refere. A operação produzida pela eficácia da metáfora quer nos dizer que o humano foi transportado de um locus meramente biológico, desprovido de significado em si mesmo, para um topos metafórico, substituto deste, de cunho e estrutura referida à linguagem, onde o sujeito é suportado pelo símbolo e não mais pela carne e pela biologia.

Mídias na Educação: convergência das mídias

As discussões sobre a presença das tecnologias da informação e comunicação na educação estão sendo ampliadas a cada dia. A mídia enfoca aspectos legais, experiências, práticas pedagógicas entre outros temas ligados a esse assunto.
Atualmente estamos inseridos num mundo onde a tecnologia se faz cada vez mais presente, onde vem exigir do educador um posicionamento de participação efetiva nesse novo cenário de convergência midiática, como também terá que assumir uma postura reflexiva e investigadora de sua ação pedagógica, onde o grande desafio é fazer a integração das diferentes mídias ao currículo escolar através de trabalhos com projetos dentro duma abordagem interdisciplinar.
A convergência digital, como toda tecnologia, não é boa ou ruim, mas é uma ferramenta. O uso que se faz dessa tecnologia é o que determina suas características. Por ora, o que se pode constatar é que dispositivos que implementam a convergência digital estão cada vez mais presentes nos lares e na vida das pessoas. Que tipo de problemas essa nova tecnologia pode causar – tais como obesidade, excesso de trabalho, síndrome de pânico ou outras consequências –, ninguém ainda pode predizer.
No entanto, usando as palavras de Albert Einstein, “não podemos solucionar problemas usando o mesmo tipo de raciocínio que usamos quando os criamos”. A convergência digital é uma nova realidade, mas como a arte imita a vida, saberemos lidar com ela.
Carla Thomé, Cláudia Mendes, Luciana Moreira, Mary Jane e Neila Brandão.

Vídeo: http://il.youtube.com/watch?v=tLGlnvBAgvs

O que são as Redes Sociais na internet?

Redes Sociais na Internet são as páginas da web que facilitam a interação entre os membros em diversos locais. Elas existem para proporcionar meios diferentes e interessantes de interação, com o objetivo de conectar pessoas e proporcionar a comunicação e, portanto, utilizar laços sociais.
A Análise de Redes Sociais surgiu como uma técnica chave na sociologia moderna. Esta tem, também, vindo ser aplicada e desenvolvida no âmbito de disciplinas tão diversas como a antropologia, a biologia, os estudos de comunicação, a economia, a geografia, as ciências da informação ou a psicologia social.
A ideia de rede social começou a ser usada há cerca de um século atrás, para designar um conjunto complexo de relações entre membros de um sistema social a diferentes dimensões, desde a interpessoal à internacional. Em 1954, J. A. Barnes começou a usar o termo sistematicamente para mostrar os padrões dos laços, incorporando os conceitos tradicionalmente usados quer pela sociedade quer pelos cientistas sociais: grupos bem definidos (ex.: tribos, famílias) e categorias sociais (ex.: género, grupo étnico) e alguns acadêmicos que expandiram e difundiram o uso sistemático da Análise de Redes Sociais.
Redes Sociais na Internet são relações entre os indivíduos na comunicação mediada pelo computador. Esses sistemas conectam pessoas que possuem os mesmos interesses pessoais ou profissionais, facilitando a sua conexão e interatividade. É uma página em que se pode publicar um perfil público de si mesmo – com fotos e dados pessoais – e montar uma lista de amigos que também integram o mesmo site. Como em uma praça, um clube ou um bar, esse é o espaço no qual as pessoas trocam informações sobre as novidades cotidianas de sua vida, mostram as fotos dos filhos, comentam os vídeos caseiros uns dos outros, compartilham suas músicas preferidas e até descobrem novas oportunidades de trabalho. Tudo como as relações sociais devem ser, mas com uma grande diferença: a ausência quase total de contato pessoal.
Os sites de relacionamentos, como qualquer tecnologia, são neutros. São bons ou ruins dependendo do que se faz com eles. E nem todo mundo aprendeu a usá-los a seu próprio favor. Os sites podem ser úteis para manter amizades separadas pela distância ou pelo tempo e para unir pessoas com interesses comuns. Na internet, é fácil administrar uma enorme rede de contatos, com pessoas pouco conhecidas, porque estão todos ao alcance de um clique. A lista de amigos virtuais é uma espécie de agenda de telefones, com a vantagem de não ser necessário ligar para todos uma vez por ano para não ser esquecido. Basta manter o perfil atualizado e acrescentar à página comentários sobre, por exemplo, suas atividades cotidianas. Isso cria um efeito conhecido como "sensação de ambiente".
Grupo: Carla Thomé Guarçoni, Cláudia Mendes da Costa, Luciana Moreira Mazioli, Mary Jane Alves Tavares, Neila Santos Brandão

Social Networking in Plain English

Atualmente, existem vários sites da Rede Social que operam mundialmente. Para você entender melhor qual é o conceito que move essas Redes Sociais, veja este vídeo que chama a atenção pelo conteúdo e também pela criatividade da produção, extremamente simples, porém com ótimo efeito de entendimento.

Mídias na Educação: convergência das mídias

Tarefa da Semana - 30 junho - 6 julho

O tema convergência tecnológica e convergência das mídias pode remeter a vários significados e seus produtores, como por exemplo o rádio, a televisão e situar toda a evolução tecnológica a partir disso. Também os celulares, os palm topsPalm tops são computadores de mão (com processador, sistema operacional, memória, tela), bastante usados como agenda eletrônica. Além de entrada para cabo USB, que permite ao usuário receber ou enviar dados e informações a outro computador, os mais modernos possuem tecnologias de conexão, GPS (instrumento de navegação por satélite) e funções multimídia, como MP3 e câmera digital. e tantos outros dispositivos derivados das Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) pertencem ao que denominamos novas tecnologias. e tantos outros dispositivos derivados das Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) pertencem ao que denominamos novas tecnologias.

A convergência das mídias, com a integração da computação com as telecomunicações, a captura e difusão de informações e a Internet possibilitam a adaptação dos meios de comunicação à nova mídia digital; elaboração de leis que reduzam as barreiras que limitam o uso de novas tecnologias pelas empresas de mídias; surgimento de novos produtos e novos modelos de negócios; surgimento de empresas de comunicação de pequeno porte, com conteúdos mais alternativos, criativos e inovadores; surgimento de uma nova forma de pensar e de estar no mundo, ou seja, de uma nova lógica de raciocínio, caracterizada pelo desenvolvimento simultâneo de diferentes habilidades e da capacidade de múltipla atenção nos indivíduos; dissolução dos limites de tempo e espaço, permitindo o acesso a conteúdos e informações a qualquer hora e em qualquer lugar; construção coletiva e rápida disseminação e compartilhamento do conhecimento e da informação, potencializando o poder comunicacional; criação de novas atividades profissionais e de novos empregos; favorecimento de acesso rápido e seguro a bens e serviços, à informação, à educação, à saúde e à justiça, entre outros direitos do cidadão; surgimento do conceito de jornalismo colaborativo, tirando os leitores da posição de meros consumidores passivos para transformá-los em fornecedores e coprodutores de notícias; desenvolvimento de relações de interatividade entre produtores e receptores de informações e de programações.

Não podemos nos esquecer ainda do papel da convergência das mídias na educação que, inserida nessa nova ordem, já não pode mais ser pensada como antes.

Embora ainda estejamos longe do modelo ideal de interatividade participativa e crítica, o avanço das tecnologias e a convergência das mídias não só favorecem a superação do conceito de comunicação e educação unilateral e centrada, respectivamente, no emissor, mas também a modificação dos agentes dos processos comunicacional e educacional, propiciando que alunos e professores se tornem produtores ou coprodutores de informações e autores de narrativas que representam seus conhecimentos sobre determinado tema ou problema.

Neste tópico, tratamos da conceituação da convergência das mídias e estabelecemos algumas relações importantes entre o desenvolvimento tecnológico e a vida cotidiana nesse mundo digital. Destacamos a capacidade convergente dos dispositivos digitais e a integração das mídias como um modo dinâmico de atuar frente ao conhecimento, à informação e à comunicação.
A convergência das mídias, emergem a autoria e conteúdos mais criativos, pois de fato, estar em convergência diante das inúmeras funcionalidades possíveis à Internet e aos serviços disponibilizados na web provoca a escrita singular e estimula um ato de escrever em integração com diferentes linguagens, as quais expressam o próprio pensamento e a oportunidade de comunicá-lo aos outros. O leitor de um hipertexto encontra-se diante de um leque de possibilidades informativas, que impulsionam um movimento de interligar informações, navegar e criar novas sequências e rotas singulares interativas, fazendo do leitor-navegante coautor da criação do hipertexto, constituindo-se como leitor imersivo (SANTAELLA, 2004).
A crescente convergência das mídias permite a participação ativa de crianças e jovens como produtores culturais. Para diminuir a distância entre a escola e o cotidiano, é importante partir do conhecimento de mundo dos alunos e do qual faz parte a linguagem das mídias, sua crescente convergência e as possibilidades de protagonismo que oferece.

Grupo: Carla Thomé; Claudia Mendes; Luciana Mazioli; Neila S. Brandão

O que são as Redes Sociais na internet?

Tarefa da semana - 30 junho - 6 julho

As redes sociais na internet tem como objetivo buscar conectar pessoas e proporcionar a comunicação e, portanto, utilizar laços sociais.
Essas redes são as que facilitam a comunicação entre os membros locais, proporcionando meios diferentes e interessantes de interação.
Atualmente, existem vários sites das redes sociais que operam mundialmente. Os sites de redes sociais geralmente funcionam tendo como base os perfis de usuário- uma coleção de fatos sobre o que o usuário gosta, não gosta, seus interesses, hobbies, escolaridade, profissão ou qualquer outra coisa que ele queira compartilhar.
Contatos são contatos estejam eles online ou no mundo real. A velha frase “não é o que você sabe, mas quem você conhece” é verdadeira –quanto mais pessoas você conhecer, melhor. Talvez aquele seu velho amigo do ginásio esteja começando um novo negócio e precisando da sua expertise. Definitivamente conhecimento é poder.

Grupo: Carla Thome / Claudia Mendes / Luciana Mazioli / Neila S. Brandão

Ciberespaço e as possibilidades de novos espaços sociais

Ciberespaço e as possibilidades de novos espaços sociais

Esse fenômeno se deve ao fato de, nos meios de comunicação modernos, haver a possibilidade de pessoas e equipamentos trocarem informações das mais variadas formas sem preocupações.

É importante se fazer uma diferenciação entre Ciberespaço e Internet. A Internet é a infra-estrutura técnica composta de cabos, fios, redes, computadores, etc., e o ciberespaço é a forma de utilizar a infra-estrutura existente.

Como o termo surgiu?
O termo surgiu com o autor de ficção científica, Willian Gibson, em 1984, no livro "Neuromancer". Foi utilizado para designar um ambiente artificial onde dados e relações sociais trafegam indiscriminadamente. Para Gibson, ciberespaço é um espaço não físico no qual uma alucinação consensual pode ser experimentada diariamente pelos usuários.

Para Levy, o ciberespaço é definido como o espaço de comunicação formado pela interconexão mundial dos computadores e das suas memórias. Constituem um espaço virtual de trocas simbólicas entre pessoas. Pode ser entendido como o espaço de troca de informação na cultura contemporânea.

Como pode ser compreendido?
Atualmente o ciberespaço pode ser compreendido a partir de duas perspectivas: a) como a rede, ou seja, como a via expressa de informação através da conexão de computadores em rede; b) como realidad virtual.

No ciberespaço experimentamos inúmeras possibilidades do mundo real.

É um novo espaço de sociabilidade - gera novas formas de relações sociais, com códigos e estruturas próprias.

Implicações na dinâmica da vida social
No ciberespaço o espaço de fluxo realiza um processo de desmaterialização das relações sociais. Isso implica na reconfiguração do conceito de tempo e espaço, visto que, a materialidade social só existe no tempo e no espaço. Em outras épocas, espaço e lugar coincidiam em geral e a vida social realizava-se em interações presentes, face-a-face. O ciberespaço rompe com esse conceito. O tempo é marcado pela presentificação, ou seja, pela interatividade on line.

Outra mudança está associada, em termos geográficos, as fronteiras diluídas mas também novos espaços de sociabilidade promovidos, novos territórios, novas identidades e práticas sociais.




O ciberespaço promove LUGARES e NÃO-LUGARES

•NÃO-LUGARES
-Podem ser definidos como espaços onde não se permanece, mas se estabelece um percurso para se chegar a um destino (browsers e motores de pesquisa) – meios de transporte, aeroportos, etc.
-O endereço do e-mail não corresponde a um local determinado, mas sim a uma chave eletrônica de acesso a alguma caixa de mensagem, localizada em algum computador, em algum ponto da rede.


•LUGARES
-Definem-se no sentido antropológico, em que existe espaço para a relação interpessoal e para a organização social.

Outras mudanças estão associadas novas formas de sociabilidade que é marcada pelo anonimato.

O ciberespaço faz emergir uma sociabilidade que se contrapõe a uma sociabilidade do mundo real.

Além do anonimato busca-se também o desejo de não estar só.
Mary Jane AlvesTavares

O que é Filosofia?

As pessoas tem hobbies diferentes. Colecionam moedas, selos, fazem trabalhos manuais, algumas dedicam seu tempo livre a esportes ou simplesmente se postam diante da televisão...

Há também os que gostam de ler. Mas há também tipos diferentes de leitura: jornais, gibis, romances, livros sobre temas diversos... astronomia... animais... tecnologia... cavalos... pedras preciosas...

Mas será algum assunto que interessa a todos?

Qual a coisa mais importante da sua vida? Se fizermos essa pergunta a uma pessoa de um país assolado pela fome, a resposta será a comida...A quem está morrendo de frio, será o calor...A que está sozinho e isolado, será companhia...

Mas se satisfeitas todas as necessidades, será que resta alguma coisa de que todo mundo precise?

Os filósofos acham que sim...O ser humano não vive apenas de pão. É claro que todo mundo precisa comer...Precisa de amor...de cuidados...

Mas de que todos precisamos, é descobrir quem somos e por que vivemos...

E esse não é um interesse casual, como o de colecionar selos...

Este problema vem sendo discutido pelo homem praticamente desde que passamos a habitar este planeta...saber...como surgiu o universo...a terra...a vida...

A palavra filosofia é grega. É composta de duas outras palavras: philo e sofhia.

Philo deriva de philia, que significa amizade, amor fraterno, respeito entre os iguais.
Sofhia quer dizer sabedoria, amor e respeito pelo saber, desejo de saber.

Assim filosofia indica um estado de espírito, o da pessoa que ama, isto é, que deseja o conhecimento, o estima, procura e respeita.
Neila Santos Brandão

Em torno do termo comunidade social

Em torno do termo comunidade social

Em meio a todo esse alvoroço no ciberespaço, um termo tão consolidado como o de "comunidade" vem sendo discutido e mesmo questionado por alguns teóricos. Alguns reclamam sua falência, com um certo tom nostálgico, lamentando seu desgaste e perda de sentido no mundo atual. Outros apontam para os focos de resistência que comprovariam sua pertinência, mesmo em meio a nossa sociedade capitalista individualizante. Mas há os que acreditam, simplesmente, que o conceito mudou de sentido.
Num livro publicado em 2003, intitulado "Comunidade: a busca por segurança no mundo atual", Zygmunt Bauman, sociólogo reconhecido por seus trabalhos sobre o fenômeno da globalização, procura analisar o que estaria se passando atualmente com a noção de comunidade. É possível perceber uma série de conceitos em jogo no texto do autor: individualismo, liberdade, transitoriedade, cosmopolitismo dos "bem-sucedidos", comunidade estética, segurança. Bauman supõe que haja uma oposição entre liberdade e comunidade. Considerando-se que o termo "comunidade" implique uma "obrigação fraterna de partilhar as vantagens entre seus membros, independente do talento ou importância deles", indivíduos egoístas, que percebem o mundo pela ótica do mérito (os cosmopolitas), não teriam nada a "ganhar com a bem-tecida rede de obrigações comunitárias, e muito que perder se forem capturados por ela" (Baumann, 2003, p.59).
O texto defende a idéia de que, hoje, comunidade e liberdade são conceitos em conflito:
há um preço a pagar pelo privilégio de 'viver em comunidade'. O preço é pago em forma de liberdade, também chamada 'autonomia', 'direito à auto-afirmação' e à 'identidade'. Qualquer que seja a escolha, ganha-se alguma coisa e perde-se outra. Não ter comunidade significa não ter proteção; alcançar a comunidade, se isto ocorrer, poderá em breve significar perder a liberdade. (Baumann, 2003, p.10)
É interessante perceber que a aparente oposição entre liberdade e comunidade que encontramos em Bauman deve-se, de fato, ao sentido que ele atribui à noção de "comunidade":
tecida de compromissos de longo prazo, de direitos inalienáveis e obrigações inabaláveis (...) E os compromissos que tornariam ética a comunidade seriam do tipo do 'compartilhamento fraterno', reafirmando o direito de todos a um seguro comunitário contra os erros e desventuras que são os riscos inseparáveis da vida individual. (Baumann, 2003, p.57)
Como é possível notar, para o autor a vida individual está envolta em riscos, e querer viver em liberdade deve significar viver sem segurança. Já a comunidade, o lugar da segurança, remete-nos ao sentido mais tradicional que conhecemos, em que os laços por proximidade local, parentesco, solidariedade de vizinhanças seriam a base dos relacionamentos consistentes.
Barry Wellman & Stephen Berkowitz (1988) fazem uma análise bem mais complexa do conceito de comunidade, e que nos traz elementos para pensarmos diferentemente esse problema. Eles partem do princípio de que estamos associados em redes, mas por meio de comunidades pessoais. "Enquanto a maioria das pessoas sabe que elas próprias possuem laços comunitários abundantes e úteis", dizem,
elas com freqüência acreditam que muitas outras não os têm. Como evidência, invocam imagens comuns de massas de indivíduos se empurrando e se acotovelando no caminho em ruas abarrotadas, pessoas solitárias sentadas diante da televisão, hordas caminhando nas ruas em manifestações ou fileiras de empregados diante de suas máquinas ou computadores. (Wellman & Berkowitz, 1988, p.123)
Isto significa que cada um de nós possui uma visão clara da rede de relacionamentos à qual pertence, mas não é possível perceber facilmente a rede à qual os outros pertencem. Isso inclui não apenas aqueles que não conhecemos, mas também os que fazem parte de nossas relações. Pessoas que conhecemos e com quem temos laços fracos, como afirma Granovetter (1974), possuem muito provavelmente laços fortes com uma rede outra que desconhecemos.
Wellman & Berkowitz (1988, p.124) lembram que, até 1960,
muitos sociólogos compartilhavam essa crença popular no desaparecimento da "comunidade" em grandes cidades e gastaram uma grande quantidade de energia tentando explicar porque isso teria ocorrido. Muito dos seus esforços centraram-se no aparente cataclisma das mudanças associadas com a revolução industrial dos últimos dois séculos.
Essa revolução teria conduzido, por exemplo, às novas formas de exploração, à ausência de laços comunitários e à emergência de novas formas de patologia social, bem como à perda da identidade pessoal.
Wellman & Berkowitz (1988) afirmam que várias análises recentes sofrem de uma "síndrome pastoral", que compara nostalgicamente as comunidades contemporâneas com os supostos velhos bons tempos. É assim que sociólogos urbanos dizem que o tamanho, a densidade e heterogeneidade das cidades contemporâneas têm alimentado laços superficiais, transitórios, especializados e desconectados nas vizinhanças e ruas. Com isso, os laços de família extensos têm se esvaziado e deixado os indivíduos sozinhos com seus próprios recursos, além de poucos amigos, transitórios e incertos. Como conseqüência, indivíduos solitários sofrerão mais seriamente de doenças devido à ausência de suporte social de amigos e parentes. Mas os autores perguntam-se: essas coisas de fato se desfizeram? Será mesmo que os laços interpessoais são agora provavelmente em número menor, curtos em duração e especializados em conteúdo? As redes pessoais estariam se esgotando tanto assim que os poucos laços restantes serviriam apenas de base para relações desconectadas entre duas pessoas, no lugar de servirem como fundação para comunidades mais extensas e integradas?
Novas técnicas de coleta de dados mais sistemáticas, desenvolvidas desde os anos de 1950, mostraram que as comunidades contemporâneas não estavam tão mortas quanto se pensava. Por outro lado, e igualmente importante, pesquisadores começaram a demonstrar que as comunidades pré-industriais não eram tão solidárias quanto se acreditava. Analisando-se sociedades de países em desenvolvimento ou subdesenvolvidos, constata-se que muitas localidades não possuem comunidades de suporte, redes sociais ou laços de parentesco consistentes. Para Wellman & Berkowitz (1988), esses estudos mostram que
as relações dentro dessas sociedades pré-industriais são em geral hierárquicas, com laços de exploração especializados, com uma profunda divisão separando facções. Além disso, historiadores têm sistematicamente usado fontes demográficas e de arquivo para demonstrar que muitas comunidades pré-revolução industrial eram menos solidárias do que se pensava. (p.125)
Ou seja, se respeitarmos o conceito tradicional de comunidade, elas nem estariam completamente condenadas nas sociedades industriais, e tampouco seriam encontradas em abundância nas sociedades pré-industriais. O que os recentes analistas de redes apontam é para a necessidade de uma mudança no modo como se compreende o conceito de comunidade: novas formas de comunidade surgiram, o que tornou mais complexa nossa relação com as antigas formas. De fato, se focarmos diretamente os laços sociais e sistemas informais de troca de recursos, ao invés de focarmos as pessoas vivendo em vizinhanças e pequenas cidades, teremos uma imagem das relações interpessoais bem diferente daquela com a qual nos habituamos. Isso nos remete a uma transmutação do conceito de "comunidade" em "rede social". Se solidariedade, vizinhança e parentesco eram aspectos predominantes quando se procurava definir uma comunidade, hoje eles são apenas alguns dentre os muitos padrões possíveis das redes sociais. Atualmente, o que os analistas estruturais procuram avaliar são as formas nas quais padrões estruturais alternativos afetam o fluxo de recursos entre os membros de uma rede social. Estamos diante de novas formas de associação, imersos numa complexidade chamada rede social, com muitas dimensões, e que mobiliza o fluxo de recursos entre inúmeros indivíduos distribuídos segundo padrões variáveis. Mary Jane Alves Tavares

quinta-feira, 8 de julho de 2010

As Paixões por São Tomás de Aquino

As Paixões por São Tomás de Aquino

Para São Tomás de Aquino, as paixões são aquelas da alma, são sofridas e vividas pelo homem. Define paixão tudo que o sujeito recebe do exterior, e que sobrevém e o modifica: sentir, compreender. No plano da afetividade, tudo que o sujeito recebe do exterior e faz com que ele sofra uma mudança em função da atração que o objeto exerce sobre ele, quer o aceite ou o recuse. Ele considera por paixão tudo que chamamos de afetividade, carência e desejo, e que distingue da percepção sensível e da inteligência. Na paixão o paciente é atraído para aquilo que é próprio do agente. A alma é mais atraída pela potência apetitiva do que pela apreensiva, pois a apetitiva coloca as coisas em relação tais como são, e a apreensiva não é atraída para as coisas em si mesmas e sim pela sua intenção. Existe paixão onde há transmutação do corpo que se encontra nos atos do apetite sensível. Já no ato do apetite intelectivo não ocorre nenhuma transmutação no corpo. Com isso, podemos perceber que a paixão está mais presente no apetite sensitivo do que no intelectivo. São Tomás distingue duas potências da afetividade sensível a concupiscível e irascível. As duas têm como objetivo se aproximar do bem e afastar-se do mal, entretanto, as irascíveis possuem um maior grau de dificuldade na apreensão do bem e na evitação do mal. São Tomás considera a existência de onze paixões, seis concupiscíveis e cinco irascíveis. Nas paixões há duas contrariedades, a primeira com relação ao objeto, que é do bem e do mal; e a segunda é com relação ao afastamento ou a aproximação do mesmo. Nas paixões do concupiscível se encontra a primeira contrariedade, e na do irascível encontra-se as duas contrariedades. Dessa forma ficam claros os três pares de paixões do concupiscível: amor e ódio, desejo e fuga (aversão), alegria e tristeza. E os pares do irascível: esperança e desespero, audácia e temor, e a ira, que não possui nenhuma outra paixão, se opõe.
A ordem das paixões segundo a geração começa pelo amor e o ódio, depois o desejo e a fuga, depois a esperança e o desespero, logo o temor e a audácia, em seguida a ira, e enfim a alegria e a tristeza, pois são elas que completam ou terminam de modo absoluto todas as paixões.
Para São Tomás de Aquino o amor é algo próprio do apetite, isso deve-se porque ambos tem o bem como objeto. Ele distingue três tipos de apetites humanos: “natural” (escapam da influência da razão), “sensível” (que é despertado pela percepção dos sentidos), e existe um apetite conseqüente à apreensão do que apetece, por juízo livre, e tal é o apetite racional ou intelectivo, e este se chama vontade. Há quatro palavras que se referem, de certo, a mesma coisa: amor, dileção, caridade e amizade. Diferem, contudo, em que a amizade é “quase um hábito”, enquanto que o amor e a dileção se fazem compreender a modo de ato ou paixão, ao passo que caridade pode ser entendida de ambos os modos. Elas enfim, exprimem o ato de diversas maneiras, a mais geral delas é o amor, pois toda dileção ou caridade é amor, mas não inversamente. A dileção acrescenta ao amor uma eleição precedente. Por isso, a dileção não está no concupiscível, mas somente na vontade, e apenas na natureza racional. A caridade, por sua vez, acrescenta ao amor certa perfeição, na medida em que se tem grande apreço por aquilo que se ama. Assim, nota-se que a dileção é a forma de amor mais qualificada, pois é precedida por uma escolha, e a caridade refere-se à atração, ou ainda ao apelo, ao convite, enfim, a influência do amor e da caridade se exerce na forma de um treinamento dinâmico.
Não existe nenhuma outra paixão da alma que não pressuponha algum amor. A razão disto é que qualquer outra paixão implica em movimento ou descanso em relação a alguma coisa. Ora, todo movimento ou repouso procede de certa conaturalidade ou adequação, que pertence á razão do amor. Para Sto. Tomás de Aquino, o ciúme é sim efeito do amor. Para ele, qualquer que seja o sentido do ciúme, provém da intensidade do amor, onde o amor intenso procura excluir tudo o que lhe é contrário. Logo, tudo que age, só age porque ama.
São Tomás de Aquino descreve que o mal é objeto do ódio. O ódio é causado pelo amor, porque é necessário que o amor seja anterior ao ódio, e que só se odeie o que é contrário ao bem conveniente que se ama. Assim, não se pode dizer de maneira alguma que o ódio é mais forte que o amor, pois é impossível que o efeito seja mais forte que a causa. Não obstante, ás vezes, o ódio parece mais forte que o amor por duas razões. Primeiro, porque o ódio é mais sensível que o amor; segundo, porque não se compara o ódio ao amor que lhe corresponde. Nota-se também que é impossível alguém poder odiar a si mesmo. Porque de fato, cada um deseja naturalmente o bem, e ninguém pode desejar algo para si senão sob a razão do bem, pois “o mal é contrário à vontade”.
São Tomás de Aquino caracteriza que o movimento apetite sensitivo se chama propriamente paixão. E toda afeição que procede de uma apreensão sensível é movimento do apetite sensitivo. Implicando-se necessariamente ao prazer; conseqüentemente o prazer é paixão. Pode-se dizer que a alegria é uma espécie de prazer, pois, tudo o que desejamos segundo a natureza, podemos também desejá-lo com o prazer da razão; mas o contrário não é verdadeiro. Assim, tudo que é objeto de prazer pode também ser objeto de alegria para os que são dotados de razão. Por isso, é claro, que o prazer tem mais amplitude que a alegria. O prazer tem por causa a união com o bem conveniente, união sentida ou conhecida. Nas ações da alma, sobretudo da alma sensitiva e intelectiva, deve-se considerar que por não passarem para uma matéria exterior, essas operações são atos e perfeições daquele que age: a saber, conhecer, sentir, querer, etc. as ações que passam para uma matéria exterior são antes atos e perfeições da matéria transformada: pois o movimento é do móvel pelo movente.
A tristeza pode-se considerar-se de dois modos: segundo existe em ato, ou segundo existe na memória. E de ambos os modos, a tristeza pode ser causa de prazer. Com efeito, a tristeza existente em ato é causa de prazer enquanto faz lembrar a coisa amada cuja ausência entristece. Quanto à memória da tristeza, ela é também causa de prazer pela liberação subseqüente, porque carecer de um mal é entendido como um bem: assim, saber que se liberou de coisas tristes e dolorosas aumenta no homem os motivos de alegria. Tristeza é uma espécie de dor, como alegria uma espécie de prazer, conclui-se que a dor e o prazer são contrários. A dor sensível leva para si fortemente a atenção da alma, também é evidente que para aprender algo novo se exige esforço com grande atenção; por isso, se a dor for intensa, o homem é impedido de poder aprender. Contudo, a dor atrai mais atenção da alma que o prazer.
Por isso, se a dor interior, for muito intensa, atrai de tal modo a atenção que pode impedir que se aprenda algo de novo. São Tomás de Aquino afirma que a tristeza impede qualquer ação, porque nunca fazemos tão bem o que fazemos com tristeza, como o que fazemos com prazer, ou sem tristeza. A razão disso é que a vontade é causa da ação humana, e assim se a ação versa sobre algo que entristece, é necessário que a ação se enfraqueça. A tristeza, às vezes, faz perder o uso da razão, como se vê naqueles que, por causa da dor, caem na melancolia ou na loucura.
Em relação a esperança, São Tómas de Aquino diz que é anterior ao desespero, pois a esperança é o movimento de para o bem, e o desespero por outro lado é o afastamento do bem. A causa do desespero é quando o bem desejado fica fora de alcance. Quando o objeto se torna impossível de ser obtido, ele passa a ser repulsivo. O desespero é contrário à esperança apenas pela contrariedade da aproximação e do afastamento. O desespero não visa o mal pela razão do mal, mas por acidente, às vezes, visa o mal pela impossibilidade de alcançar o bem. O desespero não implica só a privação da esperança, mas um afastamento da coisa desejada, por conta da impossibilidade de alcançá-lo. O desespero e a esperança pressupõem do desejo, não há esperança nem desespero do que não é objeto do nosso desejo. Por isso os dois se referem ao bem, que é o objeto do nosso desejo. O desespero é conseqüência do temor, pois alguém desespera porque teme a dificuldade a respeito do bem a esperar.
O temor se refere ao mal, implica também na relação que o mal vence de algum modo o bem. O temor é o mal futuro difícil ao qual não se pode resistir. Ele nasce da fuga do mal, como a fuga pertence ao mal o temor também visa ao mal. Entretanto ele pode visar, quando o mal está primando o bem ou quando o mal que está fugindo do mal por ser mal. Como o temor provém da imaginação que o entristece. Assim temor é um mal futuro árduo e não se pode ser evitado facilmente. O temor em parte precede a nossa vontade. Existem vários tipos de temores, como a angústia, a vergonha, a infâmia e etc. O amor pode ser a causa do temor, quando por amar certo bem, e há um mal que priva esse bem, teme-se como a um mal.
A audácia é contraria ao temor, pois a audácia afronta o perigo, porque acredita na sua vitória. Ele é conseqüência da esperança, pelo fato de que alguém espera triunfar de um mal terrível iminente, por isso o afronta audazmente. Ela se segue à esperança e se opõe ao temor, então tudo que causa a esperança ou exclui o temor é causa da audácia. O objeto da audácia é formado por bem e mal; e o movimento da audácia para o mal pressupõe o movimento da esperança para o bem. Quando maior é o perigo, maior se julgará a audácia.
Em relação a esperança, São Tómas de Aquino diz que é anterior ao desespero, pois a esperança é o movimento para o bem, e o desespero por outro lado, é o afastamento do bem. A causa do desespero é quando o bem desejado fica fora de alcance. Quando o objeto se torna impossível de ser obtido, ele passa a ser repulsivo. O desespero é contrário à esperança apenas pela contrariedade da aproximação e do afastamento. O desespero não visa o mal pela razão do mal, mas por acidente, às vezes, visa o mal pela impossibilidade de alcançar o bem. O desespero não implica só a privação da esperança, mas um afastamento da coisa desejada, por conta da impossibilidade de alcançá-lo. O desespero e a esperança pressupõem do desejo, não há esperança nem desespero do que não é objeto do nosso desejo. Por isso os dois se referem ao bem, que é o objeto do nosso desejo. O desespero é conseqüência do temor, pois alguém desespera porque teme a dificuldade a respeito do bem a esperar. São Tomás considera que a esperança é uma necessidade vital do homem. Os jovens pela falta de experiências de vida têm mais esperança que os mais velhos. Considera-se que a velhice enfraquece a esperança. A esperança tanto pode ser a causa do amor, como o amor pode ser a causa da esperança. Pois o ser amado faz que nele esperemos, mas é a esperança que nele depositamos que faz que o amemos. A esperança intensifica a ação por dois motivos, o primeiro por ser um bem árduo tem que haver um esforço, uma excitação sempre para que continue havendo esperança, e a segunda é que a esperança causa prazer e esse prazer favorece a ação.
Sobre a ira, o que é especifico da ira é que ela surge a partir de uma tristeza sofrida e do desejo e da esperança da vingança, por isso se diz que ela é causada por muitas paixões. Não possui nem uma paixão que seja contraria a ela. A ira tende tanto para o bem como para o mal, pois há a vingança, que deseja e espera como se fosse um bem, e por isso tem prazer de vingança; e há a pessoa que procura se vingar, como se fosse contrária e nociva, o que a faz pertencer à razão do mal. A ira visa sempre dois objetos, ao contrario de muitas outras paixões que visam um único objeto. A ira acompanha a razão, pois a existência da ira esta por conta de uma injustiça cometida e para que a pessoa tenha consciência dessa injustiça precisa haver razão. É uma paixão que muitas vezes é transmitida de pais para filhos. Para São Tomás de Aquino a ira só deseja um mal, pois ela tem uma vingança, mas como a vingança pode ser um ato de justiça, a ira pode ser considerada moralmente boa.

quinta-feira, 24 de junho de 2010

São Tomás de Aquino - O Ente e a Essência
Os argumentos que Tomás de Aquino utiliza para refutação das possibilidades de articulação entre matéria e forma na essência das substancias compostas, levam em conta os seguintes pontos:
- a essência das substâncias compostas é constituída por matéria e forma.
- a essência é concebida primeiro pelo intelecto e é designada pela definição, tendo já explicitado no parágrafo 5 do Prólogo (citando Avicena) que é da forma que vem a certeza de cada coisa.
- as coisas são cognoscíveis na medida em que pela sua essência podem ser classificadas em determinada espécie e gênero.
A primeira refutação visa excluir a possibilidade da matéria ser tomada como essência
de algo. A matéria tomada isoladamente não é a essência da coisa em primeiro lugar porque enquanto tal, isto é em estado bruto ela não se presta ao conhecimento e só é possível classificar algo num gênero ou espécie na medida em que é cognoscível. Em si mesma ela não determina a inserção de algo em um gênero pois é necessário para isto que esteja dentro de uma determinada forma. O sentido da expressão “algo é em ato” (no final da parte 11 do Cap. II) se refere à forma atualizada que as coisas apresentam.
A segunda refutação se opõe à possibilidade de tomar somente a forma como essência da substância composta. Para fazer um contraponto, Tomás de Aquino faz menção à matemática onde as formas geométricas podem ser concebidas independentemente. O quadrado ou o triângulo por exemplo, podem ser pensados sem matéria. No outro pólo de articulação estão as “substâncias naturais” compostas de matéria e forma. No parágrafo 6 do Prólogo, o significado de natureza tem como base a noção de substância. Ela determina de forma primária qualquer possibilidade de apreensão e nomeação. No campo das substâncias naturais, a matéria é necessária sendo pois considerada como absoluta. Os acidentes expressariam de forma relativa determinados modos e aspectos.
Esta conjugação necessária entre matéria e forma na constituição da essência, exclui a possibilidade da matéria poder vir a ser agregada a algo qualificando diferencial e secundariamente como os acidentes fazem. É este o teor da terceira refutação que está diretamente ligada à concepção de substância natural. A matéria não pode vir de fora e ser aplicada a algo porque já participa como elemento inerente da essência das coisas. Os acidentes sim requerem um sujeito isto é, devem se aplicar a alguma coisa para cumprirem sua função de diferenciar. A quantidade é quantidade de algo, a qualidade também e assim por diante.
A quarta refutação reforça ainda mais a proposição de que se algo é cognoscível então conjuga matéria e forma de maneira inextrincável, mas visa dissipar um outro tipo de mal entendido. Nesta quarta refutação a noção de ato é decisiva. Ela parece reforçar o caráter atual e relativo das relações entre ambas. O que importa destacar é que é através de um intelecto, de um ato intelectivo, que as relações entre matéria e forma se estabelecem determinando a apreensão e a nomeação.
Se elas fossem tomadas como um par submetido a um terceiro elemento elas teriam um sentido semelhante ao sentido de absoluto dado às substâncias. A relação entre ambas entretanto só se realiza como produto de uma operação intelectiva

Psicanálise

Psicanálise é um campo clínico e de investigação teórica desenvolvido por Sigmund Freud, médico neurologista vienense nascido em 1856. Propõe-se à compreensão e análise do homem, compreendido enquanto sujeito do inconsciente. Essencialmente é uma teoria da personalidade e um procedimento de psicoterapia contudo é inquestionável, em nossos dias, suas contribuições para compreensão da ética, moralidade e cultura humana.

Conceituação

Os primórdios da psicanálise datam de 1882 quando Freud, médico recém formado, trabalhou na clínica psiquiátrica de Theodor Meynert, e mais tarde, em 1885, com o médico francês Charcot, no Hospital Salpêtrière (Paris, França). Sigmund Freud, um médico interessado em achar um tratamento efetivo para pacientes com sintomas neuróticos ou histéricos. Ao escutar seus pacientes, Freud acreditava que seus problemas se originaram da inaceitação cultural, ou seja, seus desejos eram reprimidos, relegados ao inconscientes. Notou também que muitos desses desejos se tratavam de fantasias de natureza sexual. O método básico da psicanálise é o manejo da transferência e da resistência em análise. O analisado, numa postura relaxada, é solicitado a dizer tudo o que lhe vem à mente (método de associação livre). Suas aspirações, angústias, sonhos e fantasias são de espcecial interesse na escuta, como também todas as experiências vividas são trabalhadas em análise. Escutando o analisado, o analista tenta manter uma atitude empática de neutralidade. Uma postura de não-julgamento, visando a criar um ambiente seguro.

A originalidade do conceito de inconsciente introduzido por Freud deve-se à proposição de uma realidade psíquica, característica dos processos inconscientes. Por outro lado, analisando-se o contexo da época observa-se que sua proposição estabeleceu um dialógo crítico à proposiçoes Wilhelm Wundt (1832 — 1920) da psicologia com a ciência que tem como objeto a consciência entendida na perspectiva neurológica (da época) ou seja opondo-se aos estados de coma e alienção mental. (Goodwin)

Muitos colocam a questão de como observar o inconsciente. Se a Freud se deve o mérito do termo "inconsciente", pode-se perguntar como foi possível a ele, Freud, ter tido acesso a seu inconsciente para poder ter tido a oportunidade de verificar seu mecanismo, já que não é justamente o inconsciente que dá as coordenadas da ação do homem na sua vida diária.

Não é possível abordar diretamente o inconsciente (Ics.), o conhecemos somente por suas formações: atos falhos, sonhos, chistes e sintomas diversos expressos no corpo. Nas suas conferência na Clark University (publicadas como Cinco lições de psicanálise) nos recomenda a interpretação como o meio mais simples e a base mais sólida de conhecer o inconsciente.

Outro ponto a ser levado em conta sobre o inconsciente é que ele introduz na dimensão da consciência uma opacidade. Isto indica um modelo no qual a consciência aparece, não como instituidora de significatividade, mas sim como receptora de toda significação desde o inconsciente. Pode-se prever que a mente inconsciente é um outro "eu", e essa é a grande idéia de que temos no inconsciente uma outra personalidade atuante, em conjuntura com a nossa consciência, mas com liberdade de associação e ação.

Correntes, dissensões e críticas

Diversas dissidências da matriz freudiana foram sendo verificadas ao longo do século XX, tendo a psicanálise encontrado seu apogeu nos anos 50 e 60.

As principais dissensões que passou o criador da psicanálise foram C. G. Jung e Alfred Adler, que participavam da expansão da psicanálise no começo do século XX. C. G. Jung, inclusive, foi o primeiro presidente do Instituto Internacional de Psicanálise (IPA), antes de sua renúncia ao cargo e a seguidor das idéias de Freud. Outras dissidências importantes foram Otto Rank, Erich Fromm. No entanto, a partir da teoria psicanalítica de Freud, fundou-se uma tradição de pesquisas envolvendo a psicoterapia, o inconsciente e o desenvolvimento da práxis clínica, com uma abordagem puramente psicológica.

Desenvolvimentos como a psicoterapia humanista/existencial, psicoterapia reichiana, dentre diversas e tantas terapias existentes, foram, sem dúvida, influenciadas pela tradição psicanalítica, embora tenham conferido uma visão particular para os conteúdos da psicologia clínica.

O método de interpretar os pacientes e buscar a cura de enfermidades físicas e mentais através de um diálogo sistemático/metodológico com os pacientes foi uma inovação trazida por Freud. Até então, os avanços na área da psicoterapia eram obsoletas e tinham um apelo pela sugestão ou pela terapia com banhos, sangrias e outros métodos antigos no combate às doenças mentais.

Sua contribuição para a Medicina, Psicologia, e outras áreas do conhecimento humano (arte, literatura, sociologia, antropologia, entre outras) é inegável. O verdadeiro choque moral provocado pelas idéias de Freud serviu para que a humanidade rompesse, ou pelo menos repensasse muito de seus tabus e preconceitos na compreensão da sexualidade, e atingisse um maior grau de refinamento e profundidade na busca das verdades psíquicas do ser humano.

Na atualidade, a Psicanálise já nao se limita à prática e tem uma amplitude maior de pesquisa, centrada em outros temas e cenários, desenvolvendo-se como uma ciência psicológica autônoma. Hoje fica muito difícil afirmar se a Psicanálise é uma disciplina da Psicologia ou uma Psicologia própria.

Após Freud, muitos outros psicanalistas contribuiram para o desenvolvimento e importância da psicanálise. Entre alguns, podemos citar Melanie Klein, Winnicott, Bion e André Green. No entanto, a principal virada no seio da psicanálise, que conciliou ao mesmo tempo a inovação e a proposta de um "retorno a Freud" veio com o psicanalista francês Jacques Lacan. A partir daí outros importantes autores surgiram e convivem em nosso tempo, como Françoise Dolto, Serge André, J-D Nasio e Jacques-Alain Miller.

Filosofia

Filosofia (do grego Φιλοσοφία: philos - que ama + sophia - sabedoria, « que ama a sabedoria ») é a investigação crítica e racional dos princípios fundamentais relacionados ao mundo e ao homem.

Introdução geral

Surgiu nos séculos VII-VI a.C. nas cidades gregas situadas na Ásia Menor. Começa por ser uma interpretação des-sacralizada dos mitos cosmogônicos difundidos pelas religiões do tempo. Não apenas de mitos gregos, mas dos mitos de todas as religiões que influenciavam a Ásia menor.

Os mitos foram, segundo Platão e Aristóteles, a matéria inicial de reflexão dos filósofos. Os mitos tornaram-se um campo comum da religião e da filosofia, revelando que a pretensa separação entre esses dois modos do homem interpretar a realidade não é tão nítida como aparentemente se julga.

Modernamente, é a disciplina ou a área de estudos que envolve a investigação, a argumentação, a análise, discussão, formação e reflexão das ideias sobre o mundo, o Homem e o ser. Originou-se da inquietude gerada pela curiosidade em compreender e questionar os valores e as interpretações aceitas sobre a realidade dadas pelo senso comum e pela tradição.

As interpretações comumente aceitas pelo homem constituem inicialmente o embasamento de todo o conhecimento. Essas interpretações foram adquiridas, enriquecidas e repassadas de geração em geração. Ocorreram inicialmente através da observação dos fenômenos naturais e sofreram influência das relações humanas estabelecidas até a formação da sociedade, isto em conformidade com os padrões de comportamentos éticos ou morais tidos como aceitáveis em determinada época por um determinado grupo ou determinada relação humana. A partir da Filosofia surge a Ciência, pois o Homem reorganiza as inquietações que assolam o campo das ideias e utiliza-se de experimentos para interagir com a sua própria realidade. Assim a partir da inquietação, o homem através de instrumentos e procedimentos equaciona o campo das hipóteses e exercita a razão. São organizados os padrões de pensamentos que formulam as diversas teorias agregadas ao conhecimento humano. Contudo o conhecimento científico por sua própria natureza torna-se suscetível às descobertas de novas ferramentas ou instrumentos que aprimoraram o campo da sua observação e manipulação, o que em última análise, implica tanto a ampliação quanto o questionamento de tais conhecimentos. Neste contexto a filosofia surge como "a mãe de todas as ciências".

Podemos resumir que a filosofia consiste no estudo das características mais gerais e abstratas do mundo e das categorias com que pensamos: Mente (pensar), matéria (o que sensibiliza noções como quente ou frio sobre o realismo), razão (lógica), demonstração e verdade. Pensamento vem da palavra Epistemologia "Episteme" significa "ter Ciência" "logia" significa Estudo. Didaticamente, a Filosofia divide-se em:

Definições dos filósofos sobre a filosofia

Em "Eutidemo" de Platão, é o uso do saber em proveito do homem, o que implica, 1º, posse de um conhecimento que seja o mais amplo e mais válido possível, e, 2º, o uso desse conhecimento em benefício do homem.

Para René Descartes, significa o estudo da sabedoria.

Para Thomas Hobbes, é o conhecimento causal e a utilização desse em benefício do homem.

Para Immanuel Kant, é ciência da relação do conhecimento finalidade essencial da razão humana, que é a felicidade universal; portanto, a Filosofia relaciona tudo com a sabedoria, mas através da ciência.

Para Friedrich Nietzsche, a filosofia "É a vida voluntária no meio do gelo e nas altas montanhas – a procura de tudo o que é estranho e problemático na existência, de tudo o que até agora foi banido pela moral." (Ecce Homo)

Para John Dewey, é a crítica dos valores, das crenças, das instituições, dos costumes, das políticas, no que se refere seu alcance sobre os bens ("Experience and Nature", p. 407).

Para Johann Gottlieb Fichte, é a ciência da ciência em geral.

Para Auguste Comte, é a ciência universal que deve unificar num sistema coerente os conhecimentos universais fornecidos pelas ciências particulares.

Para Bertrand Russell, a definição de "filosofia" variará segundo a filosofia que adotada. A filosofia origina-se de uma tentativa obstinada de atingir o conhecimento real. Aquilo que passa por conhecimento, na vida comum, padece de três defeitos: é convencido, incerto e, em si mesmo, contraditório. ("Dúvidas Filosóficas", p. 1)

Concepções de filosofia

Há três formas de se conceber a Filosofia:

  • 1º) Metafísica: a Filosofia é o único saber possível, as demais ciências são parte dela. Dominou na Antiguidade e Idade Média. Sua característica principal é a negação de que qualquer investigação autônoma fora da Filosofia com validade, produzindo estas um saber imperfeito, provisório. Um conhecimento é filosófico ou não é conhecimento. Desse modo, o único saber verdadeiro é o filosófico, cabendo às demais ciências o trabalho braçal de garimpar o material sobre o qual a Filosofia trabalhará, constituindo não um saber, mas um conjunto de expedientes práticos. Hegel afirmou: "uma coisa são o processo de origem e os trabalhos preparatórios de uma ciência e outra coisa é a própria ciência."
  • 2º) Positivista: o conhecimento cabe às ciências, à Filosofia cabe coordenar e unificar seus resultados. Bacon atribui à Filosofia o papel de ciência universal e mãe das outras ciências. Todo o iluminismo participou do conceito de Filosofia como conhecimento científico.

3º) Crítica: a Filosofia é juízo sobre a ciência e não conhecimento de objetos, sua tarefa é verificar a validade do saber, determinando seus limites, condições e possibilidades efetivas. Segundo essa concepção, a Filosofia não aumenta a quantidade do saber, portanto, não pode ser chamada propriamente de "conhecimento da arte".

Definição da filosofia e metafilosofia

A palavra "filosofia" ganha, em dimensões específicas de tempo e espaço[1], formas novas e diferenciadas tornando difícil sua definição. São muitas as discussões sobre sua definição e seu objeto específico.[2] Definir a filosofia é realizar uma tarefa metafilosófica. Em outras palavras, é fazer uma filosofia da filosofia. Aqui se vê que a melhor maneira de se abordar inicialmente a filosofia talvez não seja definindo-a, pois tal definição já exige alguma filosofia.

Esse problema devia ser visto em toda sua seriedade. Não há como se definir sem que se tenha alguma compreensão dada de definição, do mesmo modo que não há como responder adequadamente a uma pergunta, se não partimos de uma compreensão dada de pergunta e resposta. (Sobre a filosofia do perguntar ver Martin Heidegger, Ser e tempo, §2.)

Historicamente, a filosofia é conhecida por ser difícil de definir com precisão, não conseguindo a maioria (se não todas) das definições cobrir tudo aquilo a que se chama filosofia.

Há outros modos de se chegar a uma concepção da filosofia, mesmo sem uma definição.

À falta de uma definição "definitiva", as introduções à filosofia geralmente apostam em apresentar uma lista de discussões e problemas filosóficos, e uma lista de questões que não são filosóficas.

Algumas questões filosóficas incluem, por exemplo, "O que é o conhecimento?", "Será que o homem pode ter livre arbítrio?", "Para que serve a ciência?" ou, até mesmo, "O que é a filosofia?" (vide metafilosofia). A forma de responder a estas questões não é, por seu lado, uma forma científica, política ou religiosa, nem muito menos se trata de uma investigação sobre o que a maioria das pessoas pensa, ou do senso comum. Envolve, antes, o exame dos conceitos relevantes, e das suas relações com outros conceitos ou teorias.

O método da listagem de discussões e problemas filosóficos tem sua limitação: o limite, é o próprio ser. Por si só, ele (o método) não permite que se veja o que unifica os debates e as discussões. É por isso, talvez, que os filósofos não costumam apelar a esse método. Ao invés disso apresentam imagens da filosofia.

Imagens da filosofia

Filósofo em Meditação, óleo de Rembrandt.

Alguns filósofos apresentaram a filosofia através de quadros, ou imagens:

  • A principal característica que Aristóteles vê num filósofo é que ele não é um especialista. O sophós (o sábio, tomado aqui como sinônimo de filósofo), é um conhecedor de todas as coisas sem possuir uma ciência específica. O seu olhar derrama-se pelo mundo, sua curiosidade insaciável o faz investigar tanto os mistérios do kosmos (o universo) como o da physis (a natureza), como as que dizem respeito ao homem e à sociedade. No fundo, o filósofo é um desvelador, alguém que afasta o véu daquilo que está a encobrir os nossos olhos e procura mostrar os objetos na sua forma e posição original, agindo como alguém que encontra uma estátua jogada no fundo do mar coberta de musgo e algas, e gradativamente, afastando-as uma a uma, vem a revelar-nos a sua real forma.
  • Para Platão, a primeira atitude do filósofo é admirar-se. A partir da admiração faz-se a reflexão crítica, o que marca a filosofia como busca da verdade. Filosofar é dar sentido à experiência.
  • Segundo Whitehead, a filosofia ocidental é uma nota de rodapé à obra de Platão.
  • Para Wittgenstein, a filosofia é uma espécie de terapia através da qual o sujeito, embaralhado pela metafísica, volta a utilizar as palavras no seu sentido empírico.
  • Para Strawson, a filosofia é um análogo da gramática. Assim como a gramática de uma língua natural explicita as regras que os falantes seguem implicitamente, a filosofia explicita os conceitos-chave que seguimos implicitamente (vide "A Filosofia como Gramática Conceptual" de P.F. Strawson).
  • Para Richard Rorty, no espírito da posição de Whitehead, a filosofia ocidental é um gênero literário antigo.

Etimologia

A palavra "filosofia" (do grego ) resulta da união de outras duas palavras: "philia" (φιλία), que significa "amizade", "amor fraterno" e respeito entre os iguais e "sophia" (σοφία), que significa "sabedoria", "conhecimento". De "sophia" decorre a palavra "sophos" (σοφός), que significa "sábio", "instruído".

Filosofia significa, portanto, amizade pela sabedoria, amor e respeito pelo saber.

Assim, o "filósofo" seria aquele que ama e busca a sabedoria, tem amizade pelo saber, deseja saber.

A tradição atribui ao filósofo Pitágoras de Samos (que viveu no século V antes de Cristo) a criação da palavra.

Filosofia indica um estado de espírito, o da pessoa que ama, isto é, deseja o conhecimento, o estima, o procura e o respeita.

Segundo alguns autores, a palavra « philosophía » não é uma construção moderna a partir do grego,[3] mas sim um empréstimo à língua grega ela mesma. Enquanto os termos "φιλοσοφος" («philosophos») et "φιλοσοφειν" («philosophein») estão documentados junto aos pré-Socráticos[4] Heráclito, Antífones, Górgias e Pitágoras, assim como junto a outros pensadores como Tucídide ou Heródoto, a "φιλοσοφία" («philosophía») deve sua paternidade a Platão o qual de fato se tornou, após Monique Dixsaut, um sinônimo de "φιλομαθια" («filomatia»).

Tradições filosóficas

Entre os povos que desenvolveram escritas fonéticas ou ideogramáticas, as principais tradições filosóficas são a filosofia indiana, a filosofia chinesa e a filosofia ocidental.

É provável que povos que não desenvolveram tais tipos de escrita também tivessem algum tipo de tradição filosófica. O antropólogo Eduardo Viveiros de Castro ("Perspectivismo e multinaturalismo na América indígena", capítulo 7 de A inconstância da alma selvagem, São Paulo, Cosac & Naify, 2002) aponta para o fato de encontrarmos pontos de vista perspectivistas entre os ameríndios desde a Terra do Fogo até o Alasca, por exemplo. (Para saber mais sobre o estudo dos pressupostos do pensamento indígena veja o Projeto AmaZone.) até hoje essa tradiçao é perspectivamenteencontrada em algumas regioes do nosso país.

Pensamento mítico e pensamento filosófico

A Morte de Sócrates, Jacques-Louis David, 1787.

Histórica e tradicionalmente, a filosofia se inicia com Tales de Mileto. Ele foi o primeiro dos filósofos pré-socráticos a buscarem explicações de todas as coisas através de um princípio ou origem causal (arché) diferentemente do que os mitos antes mostravam.

Ao apresentarem explicações fundamentadas em princípios para o comportamento da natureza, os pré-socráticos chegaram ao que pode ser considerado uma importante diferença em relação ao pensamento mítico. Nas explicações míticas, o explicador é tão desconhecido quanto a coisa explicada. Por exemplo, se a causa de uma doença é a ira divina, explicar a doença pela ira divina não nos ajuda muito a entender porque há doença.

Depois dos pré-socráticos

Platão é quem inicia esta nova linguagem, a filosofia como a conhecemos, a busca da essência, a ontologia dos conceitos universais em detrimento do conhecimento vulgar e sensorial.

Por muito tempo a Filosofia concebia tudo o que era conhecimento, basta ver a vasta obra de Aristóteles, que abrange desde a física até a ética. Ainda hoje é difícil definir o objeto exato da filosofia.

Seus objetos próprios são:

  • Metafísica: Concerne os estudos daquilo que não é físico (physis), do conhecimento do ser (ontologia), do que transcende o sensorial e também da teologia.
  • Epistemologia: Estudo do conhecimento, teoriza sobre a própria ciência e de como seria possível a apreensão deste conhecimento.
  • Ética: Para Aristóteles, é parte do conhecimento prático já que nos mostraria como devemos viver e agir.
  • Estética: A busca do belo, sua conceituação e questionamento. O entendimento da arte.
  • Lógica: A busca da verdade, seu questionamento, a razão.